O “boi-bombeiro” de Tereza Cristina
- majutavares
- 10 de out. de 2020
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Em audiência no Senado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse nesta sexta-feira (9) que o boi é o "bombeiro do Pantanal" e que, se houvesse mais gado no bioma, as queimadas e o "desastre" na região poderiam ter sido menores (assista no vídeo acima).
Para a ministra, o fato de o boi comer capim seco e inflamável previne o alastramento do fogo.
"Aconteceu o desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca que, talvez, se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, isso teria sido um desastre até menor do que nós tivemos este ano", afirmou Tereza Cristina à comissão que acompanha ações contra as queimadas no Pantanal.
“O boi é o bombeiro do Pantanal, porque é ele que come aquela massa do capim, seja ele o capim nativo ou o capim plantado, que foi feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar como este ano nós tivemos. Com a seca, a água do subsolo também baixou os níveis. Essa massa virou um material altamente combustível", completou Tereza Cristina.
O raciocínio do "boi-bombeiro" não é novo dentro do governo e já tinha sido usado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pelo presidente Jair Bolsonaro.
Especialistas dizem que a lógica de o gado evitar as queimadas por comer matéria inflamável é um mito.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, as fortes queimadas na região consumiram 14% da área do Pantanal somente em setembro deste ano.
A área atingida no ano chega a quase 33 mil km², que equivale à soma do território do Distrito Federal e de Alagoas. No mesmo período do ano passado, a devastação causada pelo fogo chegava a 12.948 km². A devastação observada apenas nos primeiros nove meses deste ano já superam todo o ano de 2019, que teve 20.835 km² atingidos.
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