
Ecovila Bedzed
O bairro de Sutton foi o local escolhido pelo arquiteto Bill Dunster e pela BioRegional, empresa especializada em construção civil com redução de impacto ao meio ambiente, para abrigar a BedZED (Beddington Zero Energy Development), o projeto de ecobairro que tem a intenção de usar apenas fontes renováveis. Foram investidos € 17 milhões no projeto que engloba aquecimento solar, sistema de reutilização da água, climatização de ambiente interno sem uso de ar condicionado e carros elétricos.
É uma vila ecológica com 100 casas no sul de Londres que usa técnicas de eficiência energética para criar uma “comunidade com emissão zero” e alta qualidade de vida.
Como a sustentabilidade deve ser alcançada a partir da redução no uso de energia, conjuntamente ao aumento na produção de energia limpa, os edifícios, a infraestrutura e a mobilidade em BedZED são planejados de forma a reduzir o consumo da energia limpa produzida e alterar a rotina e os valores de seus moradores.
Concluído em 2002, seu desenvolvimento apresenta a possibilidade de se alcançar um estilo de vida sustentável sem comprometer as características associadas à vida urbana moderna.
Dentre os resultados obtidos com sua implantação:
• Redução das emissões de CO2 em 56% (em comparação com a média local)
• Redução de 81% no consumo de energia para aquecimento
• Redução de 58% no consumo de água (em comparação com a média nacional), equivalente a 72 litros/pessoa/dia
• Redução de 64% nos quilômetros rodados de carro (em relação à média nacional)
• Reciclagem de 60% dos resíduos
• Redução de 45% no uso de energia elétrica (em comparação com a média local). A média de BedZED é de 2.579 kWh/habitação/ano, enquanto que a média do Reino Unido é 4.457 kWh/habitação/ano
• um consumo 38% inferior ao consumo médio de Sutton (4.652 kWh/ano)
• Consumo de alimentos orgânicos por parte de 86% dos moradores
Além disso, os habitantes de BedZed se organizam com a coleta seletiva e realizam a separação dos materiais recicláveis dentro dos apartamentos. Cerca de 60% dos resíduos sólidos passam pelo processo de reciclagem depois.
Sobre a infraestrutura:
A climatização dos ambientes é feita por tecnologia double glass (duplo vidro). A varanda dos apartamentos foi planejada para receber luz do sol através das extensas janelas de vidro, bem como as portas entre a sala e a varanda. Dessa forma, o calor fica retido no ambiente.
Para os dias de calor, os apartamentos foram planejados com ventilação passiva: as janelas dos quartos, sala e cozinha permitem a ventilação cruzada da casa, isto é, torna possível grande fluxo de ar.
Ademais, a água da chuva é levada por canos até pequenos reservatórios. De lá a água serve para irrigação dos jardins plantados na área externa dos apartamentos. A mesma água da chuva também é direcionada para as descargas, diferente das moradias tradicionais que não reutilizam o recurso natural.
Carros:
Para evitar que cada pessoa tenha um carro e assim emita mais gás carbônico, a vila conta com o Clube do Carro, sistema de aluguel de veículos entre os habitantes de Bedzed que precisarem percorrer distâncias maiores.
Lá no ecobairro até os carros são sustentáveis. Todos os veículos são elétricos e a bateria é carregada com a própria energia elétrica produzida pelos painéis solares dos apartamentos.
O governo britânico subsidiou ¼ dos 100 apartamentos da vila com desconto na compra para os social workers, profissionais que podem ajudar a comunidade com eventuais questões do cotidiano, como professores, médicos, bombeiros e especialistas em sustentabilidade. Os outros ¼ de apartamentos foram destinados a moradores com baixa renda.
Problemas:
Falta de eficiência das tecnologias. De acordo com a reportagem do The Guardian em 2006, quatro anos depois da inauguração da vila, o sistema que filtrava a água do esgoto estava fora de operação há sete meses porque a empresa contratada para supervisionar o serviço, a Bio Regional, não contratou outra operadora e os painéis fotovoltaicos não atingiram a capacidade máxima para aquecimento da água.
Ao jornal britânico The Guardian, Sue Riddlestone, diretora da BioRegional e moradora da vila, admitiu que há problemas. “Com projetos como BedZed, nos quais são pioneiros e a frente de seu tempo, não é incomum para as partes que isso não funcione tão bem”, ela diz.
O ecobairro é um exemplo na teoria de como a presença de métodos de eficiência energética e preservação de recursos naturais causam menos impacto ao meio ambiente. Porém, foi constatado que para gerenciar um empreendimento deste porte pode custar mais caro do que apenas construí-lo visto os custos das tecnologias específicas. Ainda assim, projetos como estes são tendência para cidades e países que se comprometem com a responsabilidade ambiental.