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Discurso de Bolsonaro na ONU

  • majutavares
  • 26 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

A ONU celebrou na última semana seus 75 anos numa ocasião histórica, em meio a uma emergência global de saúde e crise econômica histórica. Era uma oportunidade para o Brasil ressaltar seu protagonismo e o próprio papel como um dos grandes patrocinadores da organização — daí a tradição que cabe ao líder brasileiro de abrir os debates. Mas Jair Bolsonaro ignorou a efeméride e repetiu, como fez em 2019, um show de inverdades e desinformações, ampliando a desconfiança da comunidade internacional e colocando o País na contramão do mundo em questões vitais, como o desenvolvimento sustentável. “Foi um discurso muito parecido com o do ano passado, mas pior pelas circunstâncias”, resumiu um dos mais influentes diplomatas brasileiros, Rubens Ricupero, ex-embaixador, ex-ministro e diretor da Faap. “No último ano houve fracassos novos, mas o presidente continuou na mesma lenga lenga, sem reconhecer os problemas”, afirmou.


Bolsonaro usou o palco internacional para falar aos próprios apoiadores. Considerado um dos líderes de pior performance na pandemia, exaltou suas ações, tentou transferir a responsabilidade da crise para governadores e voltou a defender medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina. Ignorando que o País tem um dos índices mais altos de óbitos, acusou a imprensa de “disseminar o pânico”. Mas não citou a tentativa de mascarar as informações sobre mortos e feridos, manobra que só foi impedida pelo STF, pela própria imprensa e pela reação da sociedade. Pelo menos lembrou, ainda que de forma protocolar, os 140 mil mortos de Covid-19, o que não fez em território nacional, ignorando-os sistematicamente nos últimos seis meses. Mirando os evangélicos, sua base de apoio, o mandatário denunciou a “perseguição religiosa”e a “cristofobia”. Desvirtuando sua ação caótica na crise, vangloriou-se de um programa que promoveu “mil dólares de auxílio emergencial” para milhões de brasileiros.


Em relação ao meio ambiente, área em que o País enfrenta seu maior escrutínio no exterior, Bolsonaro insistiu na atitude negacionista. O presidente simplesmente mentiu ao dizer que seu governo pratica “tolerância zero com o crime ambiental”. Não deu nenhum alento para a destruição ambiental que cresce olhos vistos, comprovada por dados de várias instituições isentas, do Brasil e do exterior, amparadas em imagens de satélite e dados públicos. Pelo menos não levou a tiracolo a índia Ysani Kalapalo para mostrar apoio da comunidade indígena, como fez no ano passado — ela rompeu com o presidente. Mas falseou a realidade mais uma vez ao dizer que “floresta úmida não pega fogo”, culpando caboclos e índios por parte das queimadas, pois “queimam seus roçados em busca de sobrevivência”. Reforçando a visão persecutória e paranoica do seu anacrônico grupo de apoio militar e ideológico, atribuiu a péssima fama do Brasil na área ambiental a uma “brutal campanha de desinformação”.



 
 
 

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