Catástrofes em MG: Mariana e Brumadinho
- majutavares
- 27 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
A seguir, menciono as consequências socioambientais do rompimento das duas barragens da Vale em Minas Gerais.
Três anos após o crime ambiental da Samarco, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, mais um desastre envolvendo a mineradora Vale aconteceu no país. O rompimento da barragem da Mina do Feijão em Brumadinho (MG) deixou 99 mortos e 261 desaparecidos. Em contrapartida, em Mariana 19 pessoas foram mortas.
A dimensão da catástrofe ainda é inestimável, mas sabe-se que o volume de rejeitos é 50 vezes menor que o da barragem do Fundão, o maior desastre ambiental da história do Brasil, em Mariana – 1 milhão de m³, contra 50 milhões de m³.
A lama tóxica da Samarco percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo. A da barragem de Brumadinho, por sua vez, percorreu cerca de 205 km, de acordo com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
De acordo com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Agência Nacional de Mineração (ANM), a barragem que se rompeu estava inativa e não recebia rejeitos desde 2015. Por isso, o dano ambiental tende a ser menor que em Mariana.

Para relembrar:
O rompimento da barragem do Fundão liberou o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas de resíduos. A mistura, que era composta, segundo a Samarco, por óxido de ferro, água e muita lama, não era tóxica, mas capaz de provocar muitos danos.
A liberação da lama provocou a pavimentação de uma grande área. Isso acontece porque a lama seca e forma uma espécie de cimento, onde nada cresce. Além disso, o material não contém matéria orgânica, tornando-se infértil.
O impacto mais perceptivo no ambiente aquático foi a morte de milhares de peixes e outros seres vivos, o que destruiu completamente a cadeia alimentar em alguns ambientes atingidos. Ademais, a quantidade de lama liberada provocou assoreamento, desvio de cursos de água,soterramento de nascentes, morte de toda a vegetação proxima à região, destruição de uma grande quantidade de mata ciliar e os resíduos da mineração também afetaram o solo, causando sua desestruturação química e afetando o pH da terra.
→ Impactos do acidente de Mariana em números
De acordo com o Governo Federal, o acidente afetou:
→ 663 km de rios e córregos;
→ 1469 hectares de vegetação;
→ 207 das 251 edificações de Bento Rodrigues;
→ 600 famílias, as quais ficaram desabrigadas.
O desastre também chamou atenção para a fiscalização federal de barragens de mineração praticamente inexistente no país. A Agência Nacional de Mineração (ANM) tem apenas 34 fiscais para dar conta de 717 barragens em todo o país. Em Minas Gerais, estado que concentra o maior número de estruturas no país, são apenas cinco. Para fiscais do órgão ouvidos pelo GLOBO, seriam necessários, no mínimo, dois mil profissionais para conseguir acompanhar presencialmente todo o sistema de barragens de mineração no Brasil.
Episódios repetidos em MG
-Desde 2001, outros quatro grandes rompimentos de barragens deixaram oito pessoas mortas em Minas Gerais – sem somar as vítimas de Bento Rodrigues.
-Em junho de 2001, uma barragem da empresa Rio Verde se rompeu na cidade de São Sebastião das Águas Claras, conhecida como Macacos, em Nova Lima. Cinco funcionários foram mortos e uma área de 80 hectares de Mata Atlântica foi devastada.
-Em 2003, outro rompimento, dessa vez na cidade de Cataguases, na Zona da Mata, despejou 900 mil metros cúbicos de lixívia negra na bacia do Paraíba do Sul.
-Em janeiro de 2007, foi a vez dos moradores de Miraí, também na Zona da Mata, sofrerem com uma tsunami de rejeitos. Uma represa da empresa Mineração Rio Pomba Cataguases cedeu, destruindo dezenas de casas.
-Em 10 de setembro de 2014, três trabalhadores morreram quando uma represa da Herculano Mineração cedeu em Itabirito, na região metropolitana de Belo Horizonte.

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